13/12/2022
O que vai ser tendência em 2023, segundo a Economist

Depois de mais um ano de incertezas, indefinições e eventos que mudam tudo – como foi a pandemia em 2020 e a guerra na Ucrânia em 2022, ano que vem chega com um pé na dúvida e outro em tendências que já apontam alguns caminhos de comportamento e tecnologia (claro, se o mundo não virar de ponta cabeça de alguma forma outra vez). A revista britânica The Economist lançou um panorama de perspectivas para 2023, e a Consumidor Moderno selecionou algumas que vão chegar também por aqui. Confira!

eSIM

Os chips de celular – que carregam os dados que identificam você com a companhia telefônica – estão desaparecendo. A tecnologia esim substitui os chips físicos por códigos digitais que podem ser transferidos de um aparelho antigo para um novo. A tecnologia já existe desde 2017, mas o iPhone 14 somente esim forçará milhões de pessoas a começar a realmente usá-lo no ano que vem.

Assim como o mouse e telas touchscreen, aponta a Economist, a adoção da tecnologia pela Apple será o gatilho para a adoção generalizada. Isso levará as operadoras móveis de todo o mundo a migrar para esims e tornar o processo de transferência entre dispositivos menos desajeitado. A tecnologia também facilita o roaming entre as redes – é possível instalar vários esims em vez de ficar trocando de chip no aparelho.

Criptografia pós-quântica

Os computadores quânticos têm poderes que os computadores comuns não alcançam. Ele utiliza bits quânticos para realizar cálculos e algoritmos através da manipulação e da leitura de informações armazenadas em sistemas quânticos, como átomos, moléculas, prótons, elétrons e fótons. Isso inclui decifrar códigos: um computador quântico funcional, se puder ser construído, pode quebrar a criptografia que usamos atualmente para proteger as comunicações e proteger dados confidenciais.

Sua capacidade de cálculo é milhares, quiçá milhões de vezes maior que a dos melhores computadores que temos hoje. Para se proteger contra essa possibilidade, novos padrões de criptografia “pós-quântica”, projetados para serem invulneráveis até mesmo para computadores quânticos, foram aprovados em 2022, e os preparativos para sua implementação começarão a sério em 2023, afirma a Economist.

Realidade Mista

A Economist definiu a realidade virtual (VR) como usar uma venda digital, ao apagar o mundo real e submergir em uma realidade alternativa gerada por computador. Já a realidade aumentada, por outro lado, mescla os elementos gerados por computador ao mundo real. A realidade mista dá um passo além, ao permitir que elementos reais e virtuais interajam.

O termo é considerado menos desajeitado do que realidade aumentada, e por isso a revista aposta que tem mais chances de pegar. A questão para 2023 é como a Apple irá batizar essa tecnologia quando anunciar seu primeiro fone de ouvido ar/vr/xr – que, segundo rumores, é alimentado por um software chamado “realityOS”.

Senhas

Morte às senhas!, declara a Economist. Tokens validados com biometria vão substituir a combinação de letras, números e símbolos que a maior parte das pessoas têm dificuldade de recordar. Além da maior segurança, os tokens não podem ser esquecidos. A tecnologia, apoiada por gigantes como Apple, Google e Microsoft, é armazenada em seu telefone ou computador e protegida por impressão digital ou reconhecimento facial, para fazer login em aplicativos ou sites. Serviços online, incluindo bancos, já usam a ferramenta, e a tendência é que mais empresas adotem em 2023.

Uma chave de acesso exclusiva é gerada para cada aplicativo ou site usados, o que impede ataques comuns, como e-mails de “phishing” que induzem os usuários a inserir suas credenciais em um site falso. Isso deve melhorar a segurança online, com o benefício adicional, na opinião da Economist, de ser estranhamente emocionante fazer login dessa forma.

Paranóia de produtividade

Trabalhar em casa te deixa mais produtivo? Segundo uma pesquisa da Microsoft, a resposta é sim para 87% dos funcionários, mas apenas 12% para os chefes. O contraste sobre a percepção de eficiência no home office resulta na “paranóia da produtividade”, tanto entre os trabalhadores (que temem ser vistos como folgados) quanto entre os patrões (que receiam que os funcionários estejam se aproveitando das condições para escapar do trabalho).

O esforço dos trabalhadores em mostrar serviço e diminuir essa resistência dos chefes é chamado pela Economist de “teatro da produtividade” e vai continuar em voga no ano que vem.

Tendências de comportamento para a vida

Cidade TWaT

Os temores no início da pandemia de Covid-19 de que as pessoas nunca mais voltariam aos escritórios foram infundados. Mas também havia esperanças de que os hábitos de trabalho das pessoas eventualmente voltassem ao normal. Nem um nem outro se realizou. Cada vez mais funcionários adotam um padrão de trabalhar presencialmente somente em alguns dias da semana, em geral terças, quartas e quintas-feiras, daí o acrônimo TWaTs (Tuesday, Wednesday and Thursday).

Mesmo que as cidades não queiram acreditar nessa tendência, terão que se adaptar aos “TWaTs”, aponta a Economist. Os escritórios precisarão ser mais criativos, encontrando outros usos em dias tranquilos. Assim como operadores de transporte público também terão que se ajustar. Em vez de reduzir os serviços às segundas e sextas-feiras, eles poderiam tentar mudar a demanda cortando os preços nesses dias e aumentando-os entre terça e quinta-feira.

Efeito Donut

A consolidação do home office em diversas modalidades após a sua popularização durante a mudou as prioridades das pessoas em relação a onde morar. Em vez da proximidade aos escritórios, o espaço doméstico ganhou protagonismo na decisão sobre onde viver. Essa transformação foi definida por Arjun Ramani, correspondente da Economist, e Nicholas Bloom, da Universidade de Stanford, como “efeito donut” nas grandes cidades. À medida em que os trabalhadores se afastam dos centros, os valores dos aluguéis nos bairros mais afastados passaram a subir, criando um anel de crescimento.

O nome engraçadinho é uma referência aos donuts americanos, que têm um buraco no meio. Já os donos de propriedades comerciais esperam que as pessoas possam ser atraídas de volta aos centros das cidades por comodidades excepcionais, como belos escritórios e vistas fantásticas. O que poderia ser uma migração para o tipo de donut britânico, comenta a Economist. Em vez de ter um buraco no meio, é recheado com geleia.

Yimby x Nimby

Enquanto os Nimbys não querem nada construído em seus quintais, os Yimbys dizem “sim” ao desenvolvimento. Os termos se referem a movimentos que tem ganhado força pelo mundo. Yimby vem do inglês: “Sim no Meu Jardim”, e é um movimento pró-moradia e desenvolvimento que busca alterações nas políticas urbanas para ampliar a oferta de habitações para todas as classes sociais em regiões que sofreram com o aumento do custo de moradia. Esse movimento surgiu em oposição ao Nimby, que significa “Não no Meu Jardim” e que pode ser definida como a mobilização comunitária para impedir a aprovação de empreendimentos em seus bairros ou cidades.

A tendência é que os Yimby ganhem força no ano que vem, começando pela Califórnia, onde as leis Affordable Housing e a High Road Jobs Act entram em vigor em julho. Elas facilitarão a construção de residências em áreas atualmente dominadas por escritórios, lojas e estacionamentos e facilitará a separação rígida entre áreas residenciais e de trabalho criadas pelas leis de zoneamento. A Califórnia também está suavizando as regulamentações que obrigam empreendedores imobiliários a destinar tanto espaço para vagas. Essas regras valem para novos empreendimentos próximos ao transporte público, o que deve reduzir custos e preços de construção. Para a Economist, onde a Califórnia lidera, o resto do mundo tende a seguir eventualmente. Nesse caso, nos tornar um pouco mais Yimbys.

Por The Economist, via Consumidor Moderno