03/02/2023
Inteligência artificial: como usar no marketing?

Marcel Jientara, da Alana AI, explica as funcionalidades da ferramenta para o setor

Assunto em alta nos últimos meses desde o lançamento do ChatGPT, os usos da inteligência artificial (IA) nos diferentes setores começam a ser pensados. Um futuro que parecia distante se torna mais visível. Para além do lançamento, as ferramentas de IA já vem sendo usadas por empresas em diferentes seguimentos. Um exemplo disso é a Alana AI, empresa de inteligência artificial proprietária para marketing. Mas, como usar a IA no marketing?

Para explorar o tema e contar como essas funcionalidades já podem ser usadas no setor, Marcel Jientara CEO & Co-Founder da Alana AI, conversou com Meio & Mensagem. 

M&M – Como a inteligência artificial pode ajudar o marketing?
Marcel Jientara – A inteligência artificial tem três capacidades incríveis: a primeira é de personalização, que a torna capaz de criar uma forma de aproximação que estimula o engajamento dos consumidores com uma marca sem, é claro, perder de vista o valor e a relevância do produto. A segunda é a escalabilidade, que permite que a marca consiga entregar o mesmo nível de personalização para dez, cem, mil, 10 mil ou 100 mil clientes sem escalar os custos, o que seria impossível com um time composto apenas por humanos. O motivo é aquele que muitos conhecem: existe um limite para o trabalho que uma pessoa consegue fazer em um dia, principalmente em termos de quantidade. Por último, mas não menos importante, a inteligência artificial tem a habilidade de interpretar dados, utilizá-los para o próprio aprendizado e gerar conhecimento importante para elevar os objetivos e conquistas de uma marca. É o maior diferencial da IA na área de marketing: sempre adaptar as estratégias de acordo com os novos dados e as análises geradas por relatórios de performance.

M&M – O que já é possível fazer e o que é preciso?
Jientara – Hoje, a inteligência artificial consegue atuar em todo o ciclo de marketing. É possível, por exemplo, segmentar o mercado com base no comportamento do consumidor, gerar insights para posicionamento de marca e suportar a tomada de decisões em marketing com base em fatos e dados. A plataforma traz os insights gerados pela Alana de acordo com os objetivos da marca selecionada e os dados coletados. Caso você seja um cliente, por exemplo, é possível definir como objetivo o aumento da taxa de engajamento. Uma vez conectada, a Alana fará uma varredura, analisará dados para formular estratégias possível e, assim que pronta, trará insights dentro da própria plataforma para que sua equipe possa atuar de maneira mais direcionada.

 

M&M – Quais os benefícios e vantagens de trabalhar com IA no marketing?
Jientara – Para o marketing, a implantação da IA também tem sido muito significativa. A rotina das equipes se torna mais simples e processos como criação de campanhas, estratégias e relacionamento com clientes passam a ser feitos de forma muito mais segura e assertiva. A tendência para o futuro é que o marketing IA se torne cada vez mais simples e mais personalizado devido a capacidade de analisar uma grande quantidade de dados e interpretá-los de forma inteligente.

M&M – O mercado brasileiro já está preparado para o uso da ferramenta? Como anda a adesão?
Jientara – O Brasil é, dentre os países latino-americanos, o país que mais utiliza a IA em suas indústrias. Parte desse uso, porém, está restrito a grandes empresas e companhias especializadas no assunto devido ao alto custo dessas tecnologias.

M&M – Quais são as maiores dificuldades e obstáculos?
Jientara – Ainda existem barreiras para a adoção completa de AI no País, mas  vemos duas como principais. A primeira é o alto custo. Inteligência artificial de qualidade é muito cara, projetando, assim, um cenário em que apenas as grandes marcas podem adotá-la no dia a dia. A segunda é a barreira linguística: existem pouquíssimas inteligências artificiais que operam nativamente em português. A enorme maioria das pessoas que utiliza IA no Brasil usa tradutores automáticos, o que compromete muito a qualidade do resultado final. Por isso, desde o dia 1, investimos em pesquisa e tecnologia proprietária. Criamos a Alana totalmente do zero para funcionar nativamente em português. Isso não só extingue o risco de problemas com tradução, mas também garante que entenda regionalismos, gírias, expressões e até mesmo erros gramaticais de maneira muito melhor. Isso também é parte do motivo pelo qual conseguimos reduzir o preço: como a tecnologia é nossa, não precisamos repassar nenhum custo adicional para o cliente. Isso torna a tecnologia acessível para pequenas e médias marcas que, em outras condições, não poderiam utilizá-la para o próprio benefício.

M&M – Quais as diferenças do uso no Brasil e no exterior?
Jientara – Existe muito material sobre inteligência artificial em inglês, mas pouco em português. Aliás, como eu disse na pergunta anterior, a grande maioria das inteligências artificiais foram feitas para funcionar em inglês e, quando vêm para cá, vêm com o auxílio da tradução. Por isso, tomamos a frente e estamos desenvolvendo o cenário da inteligência artificial no Brasil, investindo em cursos abertos ao público, centros de pesquisa, eventos e palestras. O Brasil é um país muito grande, possui um idioma riquíssimo e não pode ser coadjuvante nesse cenário. 

Por Carolina Huertas, via Meio & Mensagem